30.10.09

Tem algo que diz, que eu preciso levar a sério isso de brigar com o mundo...

Fugir

Meu querido

Um dia fugimos os dois. Apoderamo-nos do verbo que aprendi a ler Mia Couto e "borboletamos" para sítio algum ou para sitio nenhum.

Agarrávamos na polaróide com pressa e cautela e num caderno de folhas amarelas e partiríamos. Na polaróide guardávamos os corpos, no instante preciso de cada momento, num tom amarelado e velho a que chamam sepia para um dia a nostalgia crescer , no caderno escreveria a minha alma enquanto desenhavas o mundo.

Tu protegerias a minha alma de noite e eu protegia a tua de dia, tudo em segredo para não subestimar a arte que ganhamos a protegemos nos sozinhos.

Ao anoitecer dormiríamos a ver o céu negro.

Um dia fugimos, eu escrevo, tu desenhas, e apaixonamos.


Tua Inês

http://marylinisses.blogs.sapo.pt/tag/fugir

18.10.09

E dói?

14.10.09

o mar agora ia ser lindo...
Revitalização criativa, é isso.
Vou dormir pensando em romper, acordo querendo dançar. Ah... "e os impulsos de liberdade têm de ser expressados de um modo não desestruturador"... Há quem diga que liberdade dói, mas eu digo que é justamente o desconcerto que ela causa que eu gosto, com todo gosto. Já disse em algum lugar que a liberdade me fez confusa e dou mil risadas com confusões.
E ainda: "detectar o que me incomoda para fazer as mudanças nescessárias..." Assim eu me canso, porra! É bom que saibam que não há disciplina nem paciência.

Essa cidade tá um calor, e ainda me falam de flor e diabo.
Romperam alguma coisa... eu nem estava esperando... eu gostei.
E de bonito? Hum... ontem eu vi e falei:
-Não sabia que borboleta voava tão alto!
Alguem escutou e disse que isso era bonito... Mas será que todo mundo sabe que borboleta pode voar alto?! Se ninguem sabe, então sou uma.

12.10.09

Usted que tiene locura poca, es imbecilidad


O mundo está rodando tão rápido que vai virar dia. As nuvens e eu e você, ventiladores. Não vai até lá: tem alienígena, tem extra terrestre. Esse campo é grande e o seu colar é vermelho como a grama, combina com o céu que é azul mesmo. "Alguém tira uma fotografia." Cuidado! Nós estamos tontas tontas tontas de brincar, iguais a vocês, de beber, de licor de vinho de vodka. Já corremos no bosque hoje, cantamos uma canção de mocidade e rimos todos; daqui a pouco tem brigadeiro, porque nós trouxemos leite condensado e chocolate em pó e outro ingrediente surpresa, pra ficar melhor. E se vocês gostarem do gosto, ela revela o segredo. Eu quero dormir com uma colcha de bolinhas pretas de tecido branco que eu vi, e lençol verde que combina com minha blusa rosa. É que nunca me preocupei com essas coisas e aqui não tem nada pra preocupar, então me deixa implicar com o que vou dormir! É, hoje fizemos um filme sem câmara, filmado com os olhos e por falar em filme, vamos assistir um que fale de amor, não é?! Romântico não, tá bem? Quer correr?! Correr do quê? Você foi até lá? Encontrou os alienígenas?! Ai meu Deus... É brincadeira, claro que é. Cansei, estou sem o ar, me dá um pouco do de vocês? Agradecida. Começou fazer frio, vamos sentir também um pouco o hálito da noite, já que vivemos a poesia Hálito de uma tarde e depois entrar, eu quero ficar tonta de vinho. E daqui a pouco é amanhã, o riso se faz lembrança. Mas depois rimos outros risos
e lembramos lembramos lembramos...

(...)

Hoje é dia de desanuviar.
[e o que vou ser quando eu não for nuvem?]
azul.

10.10.09

Ombro.

E os bem-amados
que amargam do seu lado
Dizem ser fumantes
do seu próprio coração.

2.10.09

Às ilusões.

Disse que estava louco, disso eu sabia. E que era pra ficar feliz. Ai, como ele é redundante... Vive se queixando da infelicidade, e paradoxal, diz que me ama. Será que é justamente o amor que me sente que o faz infeliz? Ai, creio que não. Ele ama muito muito muito, que... como quando tem muito ar dentro de um balão e o que era suficiente pra voar, o faz estourar. Catástrofe. Como chuva forte e demorada que causa alguns danos. E disse rápido. "Te amo de um amor sem dor". Mas é mentira, eu sei que dói. Eu respondi: "Digo o mesmo". E acrescentei: "De verdade". Mas é mentira também, sabendo que ele mareja os olhos por mim, eu marejo os meus; a diferença é que sou um pouco despreocupada e em mim, dói menos. Não é mentira que eu o amo, eu devia revidar dizendo. "Te amo de um amor devagar". Ou calmo, ou lento, ou qualquer coisa que coubesse na minha verdade. É que esse amor, não tem a pressa, não tem paixão. Amizade? Não, às vezes desejo os beijos dele. É amizade sim, mais livre, permissiva, despudorada. É o amor que não veste com as minhas ilusões, por isso não dói. E ele veste com ilusões o amor dele, por mim. Talvez ilusões não doem nele. Talvez ele goste de ilusões. E a cada palavra que troco com ele, vai crescendo a minha certeza do descontentamento que o mora. Pergunta como vai aquele que tem o lugar maior pra cuidar em mim. E desconverso brincando, pra não alimentar a dor."Onde está minha cabeça? Não estou encontrando. Ai! Acabei de colocar a mão em cima de uma..." Ele insiste na dor...

Falamos de malícia. Comigo ele é malicioso (ou devia chamar de esperança?). Também. Espera a primeira brecha, a primeira fresta de luz pra ver se eu quero. Acha sempre que toda palavra que digo é pra ele. E quando digo que não foi, me pergunta se foi para "aquele que tem o lugar maior pra cuidar em mim". É, nunca acha que falo por mim, nunca acha que eu gosto e eu só falo de mim. Ele pensa que sou como ele, que vivo pelos meus amores. E pensa mesmo que sou como ele. Hoje me disse. "Você tem muito de mim em você... Eu tenho muito de você em mim." Eu sou importante pra ele, eu sei. O que tenho dele em mim é silêncio. É ele quem me escuta sempre, e gosta de escutar como cara de bobo, encantado.

Disse antes que ele me dissesse. "Eu não tenho alma, querido... Só tenho pele." E às vezes ele é imprevisível, e gosto. Às vezes me esqueço que ele me ama e que só fala o que eu quero ouvir. "
Você tem pele, dentes, cabelos e olhos tão profundos, que é como se fosse possível enxergar através deles uma alma." Eu insisto, porque gosto de ouvi-lo falar de mim, as pessoas gostam quando alguém dizem delas para elas. "Vai ver que são só os meus olhos que têm alma." Digo feito meninada brincando de pega-pega. Aí ele diz: "...uma alma colorida, que talvez tenha sido infectada pela maneira mais singela pelas cores do mundo. Que é onde você está, não é?" E completa com o que eu disse, no dia em que o conheci e fez ele se apaixonar. Devaneios, ele gosta de devaneios e foi algo sobre o céu que eu poetizei, é fácil poetizar sobre o céu. Não disse aquelas coisas pra nenhum outro homem, fiquei com medo dessas paixões repentinas, à primeira vista, sou desconfiada. E nem vou dizer agora. Mas fiquei feliz dele ter se lembrado. "Se o seu esquecimento, depender da minha lembrança, não tem valor..." Ah, como ele é complicado, chato mesmo; procurando sempre me desarmar, inutilmente, porque eu sou toda realista, não faço rodeios, e no fim, quem fica desarmado é ele, sempre. E as divagações dele me cansa. Então eu disse que precisava sair, sem falar o motivo. Foi aí que ele disse que me amava de um amor sem dor. Mentindo, não com o amor. Fiquei toda frouxa, mas estava cansada... Ele é cheio de nós e eu sou botão desabotoado.

Às vezes queria que ele existisse.

1.10.09

:

Preciso sair dessa plenitude; preciso sair louca, por aí, ficar bêbada e me trair e depois chorar e depois rir; preciso conversar com Jão, pra falar de Filipe e das coisas que vi na rua e não pude contar pra ele. E Jão nem fica zangado comigo quando eu não converso com ele. Jão respeita meu silêncio.
Eu preciso que alguém quebre o meu silêncio, eu preciso gritar. Não porque estou com nós na garganta, mas porque eu preciso de barulho, barulho barulho. Não, não serve o motor dos carros, nem mesmo o vento cantando alto.
É grito de... da... de gritar.
Preciso que alguém saiba de mim, não só pense que saiba de mim e preciso saber o que acho disso, das pessoas acharem que sabem de mim.
Preciso ouvir Carlos Gardel; e grampear meus diários; e abrir a caixa bem bonita que fiz, pra guardar a minha vida.
Preciso deixar de ser 'guardada'; lembrar que ainda tenho dezesseis anos...
Ah, e não, não estou carente. Eu não tenho nada. Sério mesmo, de verdade.

E outubro chegou, e o ano está acabando e agora o tempo vai ficar desfilando, demorando só porque está chegando no fim. Chegou calmo, contrário do seu decorrer... Eu sei que vai decorrer atormentado. Agora, sou atriz. Faço teatro vou fazer uma participação num filme. E canto e toco, mas não sou cantora. Nas horas vagas eu fico acordada, eu penso e quando penso, não faço nada... Hoje é meu dia de folga. É, agora estou ocupada e tenho dia certo pra vadiar; estou voltando pros braços da Rotina, mas a minha é boa. Jão me entende e sabe que é.
Agora eu vou sair, meu tempo está aberto, e eu sou meu tempo.