(...)
ás vezes uma saudade faz um buraco largo na sola do meu sapato e vai deixando escorrer, ou é ela mesma quem puxa, a alma de dentro de mim. Se bem que não é alma, é algo parecido com força, mas não é força. É a coisa que me deixa perto do palpável de mim, que não é lucidez, pois o meu palpável é fragmento. Pronto, encontrei: o fragmento ao cair dilata, e dilatado é um todo homogeneo e espesso; só mesmo assim esparramado no chão, na terra, terra que não tenho por dentro, é que há o mínimo de consistência. Sem o fragmento eu termino suspensa. Um inteiro de suspensão. O inteiro é vulgar e estagnado; sono que se dorme à tarde, fora do lugar, estranho. O fragmento que eu perco me perde e fico sem ser alguma coisa por um tempo sei lá. Depois é inventos. Saudade é recanto pontual, pois chega. Saudade é só mais um buraco...
Nasci com 327 shakras, eu quase nasci mundo...
Não adianta eu querer andar reto: minhas pernas são tortas.
Joana Portugal
a invenção do dia claro - título de um livro de Almada negreiros
20.10.11
2.10.11
o pouco aos poucos funciona.
mas o que a gente quer é paixão,
soluços, suspiros trôpegos.
contar as estrelas na intenção de tê-las,
perder a conta,
não ter nenhuma;
numa escuridão que por dever
assombra, e que por paixão
não ofusca
os delírios reluzentes -
delírios muitos...
ca r/d entes somos, estrelas não.
o que a gente quer é paixão...
e um pouquinho dos poucos.
mas o que a gente quer é paixão,
soluços, suspiros trôpegos.
contar as estrelas na intenção de tê-las,
perder a conta,
não ter nenhuma;
numa escuridão que por dever
assombra, e que por paixão
não ofusca
os delírios reluzentes -
delírios muitos...
ca r/d entes somos, estrelas não.
o que a gente quer é paixão...
e um pouquinho dos poucos.
Assinar:
Postagens (Atom)