Meu querido
Um dia fugimos os dois. Apoderamo-nos do verbo que aprendi a ler Mia Couto e "borboletamos" para sítio algum ou para sitio nenhum.
Agarrávamos na polaróide com pressa e cautela e num caderno de folhas amarelas e partiríamos. Na polaróide guardávamos os corpos, no instante preciso de cada momento, num tom amarelado e velho a que chamam sepia para um dia a nostalgia crescer , no caderno escreveria a minha alma enquanto desenhavas o mundo.
Tu protegerias a minha alma de noite e eu protegia a tua de dia, tudo em segredo para não subestimar a arte que ganhamos a protegemos nos sozinhos.
Ao anoitecer dormiríamos a ver o céu negro.
Um dia fugimos, eu escrevo, tu desenhas, e apaixonamos.
Tua Inês