1.7.16

a juventude é anciã


ontem, 

rodopiei pela casa, dancei, ri, olhei ao redor, me vi no meio, eu tão de carne e osso, no olho o mundo tão novo, senti tão forte a alegria e o susto de ser jovem. foi adélia que escreveu "deus é mais belo que eu\ mas não é jovem\ isto sim, é consolo". mas sinto a juventude como uma Deusa, antiga mas serelepe, anciã, feiticeira, donzela louca, a juventude é mulher, e abundante, à flor da pele é o mais profundo. a juventude é puro espírito de corpo por onde se sente e sabe a vida. temp(l)o fértil. n-ovo.
ontem, 
por ser jovem também me senti divina. pois então, divino é o não saber? sei que me humanizo ao achar que sei, e me desumanizo quando temo errar. ah, que divino é o tropeço, pois se não foi assim por erro que Deus nos criou? pois eu também quero criar-errar. e quero criar-errar EU. deus quando criou o mundo, decerto ainda era bem jovem, como eu agora sou-estou. pois estou assim, no meio do processo de me saber, que sorte! e deus também está no processo de me criar, que sorte! e eu de criar Ele(s), Elas. estamos inacabados, que sorte! juntos no intenso processo de criação dos nossos mundos. e minha função enquanto jovem é experimentar, e enquanto ser experimentar o erro e o corpo. o corpo é assim o lugar fértil, produtor e reprodutor de saberes e sentires. ele é enciclopédico (existe essa palavra?). o corpo é rua e casa. o corpo sou eu deusa que dança. o corpo, inteireza. e a juventude é assim: a coragem de andar no escuro, o saber das pedras só depois do tropeço, e só depois do tropeço melhor saber dos caminhos. tropeços são professores que nos empurram mais depressa para longe. talvez isso chamam de experiência. para deus continuar a me criar, eu experimento. na capoeira aprendi: para encontrar o eixo, eu movimento.
ontem, sangrei.
hoje, que consolo, me sei jovem.
"eu sou mansa, mas minha vontade de viver é feroz"