28.3.16

__________________

será que minha leveza é de plástico engano minha fé e minha dúvida é frágil meus deus! como é que faz para abrir o coração é necessária alguma violência um rasgar alguma força ou senão a distração de saltitar e de repente levitar no abismo estar caindo e que queda é na verdade um voo repentino para novamente aterrizar tô agora me perguntando se o que chamo de estar calma e consciente é mais um estar precavida portanto o que amar tem a ver com precaução posso sim quero sim cultivar a paciência e avançar com curiosidade como quem entra num quarto escuro e procura onde se acende a luz quero me livrar da vontade apressada de acender a luz não fazer da escuridão um hábito que a escuridão seja caminho nem a desordem nem o hábito nem a ordem então o que então pode ser porque se há escuridão há vida crescendo como o barulho que vem do sangue correndo há possibilidade de fechar e abrir o olho e tudo está como é: escuro mas com potência de criação de renovação de começar construir reconstruir ser um milhão de escuridões todas desconhecidas mas tão íntimas e é isso que quero se possível construir intimidade com o Desconhecido que ele se torne a casa onde moro e que eu tenha minhas surpresas quando caminhar sem nenhuma luz acesa eu quero assim caminhar dentro do desconhecer que amar pode ser o saber cada dia mais que menos se sabe que não se sabe de si nem do outro que só há conhecer\desconhecer enquanto ato como coisa que se faz e não coisa que se apreende não é ler o outro é escrever e não escrever sobre é experienciar ver com os próprios olhos ou com as próprias vendas que tapam a luminosidade extrema que faz cegar o amor e de novo o que amor enxerga é uma luz tão forte que tudo é escuridão que amar é mais simples que parece é que ser simples é que não é fácil e assim me pego numa contradição numa contramão certa que a direção é no horizonte contrário no caminho oposto...