23.11.15

quando se aproximares
da escuridão
da minha pele
saiba que ela
batalha e desbrava
e habita
campos libertos
onde se desconstrói branquitudes.


saiba que minha escuridão
é meu guia
em meio à claridades
que cegam
e paralisam
intensidades
e sacraliza opressões

saiba,
sagrada é minha escuridão!

quando se aproximares
da minha pele
saiba que ela
é antiga
e que foi arrancada
pelo feitor
que chicoteou
até ver
o branco
da minha carne
que viva
sangrou
resistiu
e sob o sol
se queimou
escureceu
trabalhou dançou nasceu

saiba que minha pele
é também meu dentro
que o que tu tocas
e beija
é escuridão
te cuidas!
que eu fujo à obediência
minha carne de guerra
e de paz
te espia
antes de tu, levianamente
se fartar
ela te embosca na mata
arma uma arataca
e te esvazia

eu vou te escurecer.