14.11.12

Queria dormir
mas
evitar os sonhos
(os sonhos agora é minha desculpa para não dormir...).

Essa noite sonhei que um homem magrelo, cabeludo, alto e desengonçado, se esbarrou em mim, quase me derrubando, num lugar que parecia um supermercado. Ele se aproximou, nem pediu desculpas, e encostou seu rosto no meu para ler um cartaz que eu também lia. Percebi que ele gostou de mim, comovida me apaixonei por ele. Assim, sem mais nem menos como é nos sonhos.
Seguimos caminhando, olhando-nos encantados. Ele dizia as razões do seu encantamento, mas na minha cabeça só vinha a mais pura verdade que eu não dizia: só gostei de você porque você gostou de mim. Então eu só sorria. Seguia caminhante, sorridente e desconfiada do meu próprio gostar.
Sei que o sonho não teve grandes emoções; que paramos numa esquina e uns amigos nos chamavam para assistir um número de palhaçaria na igreja; que quando eu percebi que era sonho, dentro do sonho, não quis acordar e tinha uns lapsos de lamento, de saudade antecipada (continuo saudosista nos sonhos), por ter que abandonar ali uma figura que gostava de mim e que porque gostava de mim, eu gostava dele.

Fatalmente acordei.
E com saudade do moço.
E consciente da minha carência.

Hoje não quero nem dormir.