18.11.12

atrás de um bocejo...

Então, não tenho culpa se sofro de insônia, ou de ânsia, já que é a fartura de vontades que me pertuba e não me deixa dormir. Isso é bastante grave, vejam só: não durmo porque os desejos me inquietam, acho de querer movimento quando todos dormem e eu devia fazer o mesmo. E o que sucede é que quando os meus desejos podem ser possíveis, palpáveis, eu é que estou improvável, sonâmbula, sonolenta, tarde. Meu relógio é japonês, fuso-horário. Anoiteço o dia. Acordo à noite... Há 6 anos esse desacerto... esse círculo que se repete e me leva a ficar mais ansiosa, porque é um acúmulo de vontades não-concretizadas, e mais vontades que nascem e nascem e nascem num horário impróprio para ações-alardes. 
Só me resta escrever mesmo que é um jeito de conversar sozinha ou mesmo de conversar com o outro sem que seja necessária a sua presença. Mas ainda uma presença desejada.
Escrever é um auto-diálogo, válido, porque todo diálogo é um encontro, uma descoberta.
Converso comigo e me descoberto. O outro que lê me descobre e se descobre. Quando a gente conversa é assim: nos descobrimos. Se quisermos, é claro!


Estou aqui, de conversa comigo só pra ver chegar o sono, desonsidere qualquer ausência de linearidade ou sentido cm o que estou falando, é só porque a cabeça está cheia e é preciso esvaziar... A cabeça quando está cheia é de palavras, o cérebro sabe que o mundo é possível nas palavras, os sonhos conseguem ser contados por elas, as dores, os medos, até o nada. Estou aqui despejando elas porque minha falta de sono é excesso de palavras guardadas, ações paradas, tardias...