quando se aproximares
da escuridão
da minha pele
saiba que ela
batalha e desbrava
e habita
campos libertos
onde se desconstrói branquitudes.
saiba que minha escuridão
é meu guia
em meio à claridades
que cegam
e paralisam
intensidades
e sacraliza opressões
saiba,
sagrada é minha escuridão!
quando se aproximares
da minha pele
saiba que ela
é antiga
e que foi arrancada
pelo feitor
que chicoteou
até ver
o branco
da minha carne
que viva
sangrou
resistiu
e sob o sol
se queimou
escureceu
trabalhou dançou nasceu
saiba que minha pele
é também meu dentro
que o que tu tocas
e beija
é escuridão
te cuidas!
que eu fujo à obediência
minha carne de guerra
e de paz
te espia
antes de tu, levianamente
se fartar
ela te embosca na mata
arma uma arataca
e te esvazia
eu vou te escurecer.