25.8.15

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assim como dizem os muros dessa cidade: amarelo cura. 
dois dias doidinha sem pisar o pé na rua. uma quase superstição: é que tenho cá comigo que quando chove ninguém sai de onde está, porque algo ali, onde quer que você esteja, necessita de um olhar demorado. e desse demorar vai nascer uma aprendizagem, um sentido arrancado, vai ser devolvido uma calma que só se tem depois de uma tempestade. é tempo de se recolher; r e c o l h e r. e nessa recolheita só o que se pode fazer é plantar planos planaltos e quanto maior o devaneio melhor a realidade. a chuva. tomar um banho de chuva é ser devolvido para a terra. virar lama, lama lenta, lamacenta, placenta, almalama mala lama alma a n a g r a m átic a enigm. a. chuva é ar e terra que se liquefez. eu, sopro carnal, suspiro divino. elo cura. elo cura. elo cura. amarela chuva. dois dias doi doidinha dia.



"E te pareço bela
Ou apenas te pareço
Mais poeta talvez
E menos séria?
O que pensa o homem
Do poeta? Que não há verdade
Na minha embriaguez
E que me preferes
Amiga mais pacífica
E menos aventura?
Que é de todo impossível
Guardar na tua sala
Vestígio passional
Da minha linguagem?
Eu te pareço louca?
Eu te pareço pura?
Eu te pareço moça?
Ou é mesmo verdade
Que nunca me soubeste?"



11deAbriu, 2015, Outono chuvoso
ssa